Negócio futebol pode crescer ainda mais, mas precisa se tornar economicamente sustentável

O futebol brasileiro viveu seu período de ouro na última década, alcançando cifra recorde de R$ 6 bilhões de faturamento e com taxa de crescimento 10 vezes maior do que a média da economia nacional. Foi neste mesmo período, no entanto, que o setor atingiu nível de endividamento inédito e muitos clubes apresentaram problemas recorrentes de fluxo de caixa. “Essa sensação de que a indústria vai para lados opostos ocorre porque ainda existe um grupo de clubes que manteve o modelo antigo de gestão e liderança amadora”, disse o economista César Grafietti, especialista em finanças do futebol e um dos debatedores do evento Como Seguir o Jogo #8 – As Finanças do Futebol e a Saúde Econômica dos Cubes, organizado pela Trevisan Escola de Negócios.

A crise atual do Coronavírus deve evidenciar ainda mais estes dois tipos de gestão de clubes de futebol no Brasil. “Há uma separação clara entre quem se organizou para crescer, e que portanto está mais preparado para lidar com cenários de crise, daqueles que foram empurrando seus problemas estruturais para frente, e que num momento de crise de liquidez como agora estão sucumbindo”, avalia Alexandre Rangel, sócio da EY e um dos responsáveis pelo relatório Análise Financeira dos Clubes Brasileiros – 2019. De fato alguns clubes estão se saindo melhor depois de um processo intenso de reestruturação, como é o caso do Grêmio FBPA. “Iniciamos um trabalho de reorganização interna em 2014 olhando não apenas o ano em questão, mas o cenário de longo prazo”, disse Fabiano Wurdig, CFO do clube. Cita como exemplo o que foi feito depois da venda do jogador Arthur, por 31 milhões de euros, a maior da história do Grêmio: “em vez de sair gastando em contratações, aproveitarmos para reduzir o endividamento e renegociar uma série de outros passivos, que só é possível de fazer em momentos de alta liquidez.”

Outro exemplo de preocupação do clube com o longo prazo é relacionado aos direitos de transmissão, a principal fonte de receita dos clubes: “em 2017 já discutíamos a mudança no contrato com a Globo que iria ocorrer em 2019 e impactaria diretamente no fluxo de caixa”. A forte dependência desta fonte de receita, aliás também realidade na Europa, não representa um problema, na avaliação do Alexandre Rangel. “Há uma tendência de valorização exponencial dos direitos de transmissão na medida em que os clubes desenvolvem suas próprias plataformas de conteúdo e o avanço do streaming”, disse. “O problema não é receber muito de uma fonte específica, mas sim desenvolver pouco as outras alternativas de receita como patrocínio, produtos licenciados e matchday.”

Na mesma linha, o fato de um clube como o Flamengo ter mais que o dobro da receita do terceiro maior também não precisa representar necessariamente um risco de desequilíbrio competitivo. “O que falta é fazer com quem a indústria como um todo cresça, e não só os clubes do topo”, disse César Grafietti. “As diferenças relacionadas a tamanhos de torcida vão sempre existir. Mas o fato de haver torneios em outros formatos vão permitir que clubes menores, mas bem geridos, possam também buscar títulos, como tem acontecido com o Athletico-PR.” Ele acredita que o aparente equilíbrio atual do Campeonato Brasileiro em comparação com as ligas europeias é muito mais resultado de uma ineficiência de gestão do que um processo estruturado. “Clubes organizados vão estar prontos a disputar títulos, seja no principal campeonato para clubes maiores, seja nos outros torneios, para clubes de menor porte.”

O desafio é haver um alinhamento de expectativa com os torcedores. “Não dá para ‘bater de frente’ com clubes de maior receita, com melhor gestão, com tamanho de torcida”, explica Alexandre Rangel, para quem esta é uma das principais diferenças na gestão de um clube em relação ao mercado corporativo. “Uma empresa sabe com quem ela pode competir e aceita esse limite.” Mas fora isso, os conceitos de gestão eficiente valem em qualquer contexto: visão de longo prazo, não gastar mais do que pode, responsabilidade fiscal, transparência. Como disse Fabiano, “o grande desafio é conseguir proteger do futuro o que foi arduamente construído ao longo de uma gestão”, já que o modelo associativo da maioria dos clubes no Brasil representa sempre um risco de uma nova eleição pôr tudo a perder.

Neste contexto, cresce a discussão sobre transformar os clubes em empresas. “Alguns clubes serão inviáveis financeiramente”, explica César. “Talvez o único caminho para eles seja virar clube-empresa e tentar atrair investidores para se reestruturar.” Mas é um processo muito mais complexo e longo do que pode parecer: “é uma ilusão achar que clubes que devem R$ 700 milhões por exemplo vão conseguir atrair investidores para pagar esse montante, aportar outros recursos para fazer a roda girar e ainda gastar com contratações de jogadores”. Mais importante do que o regime jurídico da entidade é o modelo de gestão. “Clubes que estão bem hoje iniciaram este processo há cinco ou dez anos”, disse Fabiano. Se tornar clube empresa não vai resolver o problema de uma hora para outra: “não é tabua de salvação para quem não se organizou”.

Além disso, num primeiro momento virar empresa significa aumentar custos operacionais e tributários. “Em tese, essa opção é a pior possível para clubes desorganizados, em crise financeira grave”, explica Rangel. “No Brasil essa discussão caminhou no sentido de uma medida desesperada e extrema para salvar clubes que não têm mais capacidade orgânica de se sustentar financeiramente na expectativa de se receber injeção de capital externo salvadora.” Como disse César, o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional sobre o tema é interessante para criar regras e incentivo, mas os clubes devem ver este processo como mais uma possibilidade, e “não a salvação definitiva para o futebol brasileiro”.

O momento atual deve significar um marco na indústria do futebol brasileiro: clubes tradicionais podem deixar o grupo de elite de forma irreversível. “Não é nada agradável, mas é um processo natural em qualquer setor econômico”, disse Rangel. “Os mais eficientes vão ser protagonistas do processo de transformação e outros vão ficar para trás.” Com isso, abre-se espaço para novos entrantes, clubes menores com visão mais moderna, que possam adentrar à primeira linha e fazer com que o bolo cresça ainda mais. O futebol brasileiro, como parte da imensa indústria do entretenimento, tem todas as condições de se tornar um negócio ainda maior e economicamente viável.

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