Entrevista de VanDyck Silveira na Exame

VanDyck Silveira, da Trevisan: em defesa do ensino superior “as a service”

Economista com passagens pelo comando de universidades prestigiadas como a brasileira Ibmec e a espanhola IE Business School vê espaço para mais liberdade de escolha do aluno no ensino superior

Por Leo BrancoPublicado em: 01/05/2021 às 09h51Alterado em: 01/05/2021 às 10h55

O economista VanDyck Silveira é dos que acreditam que a educação profissional no Brasil e no mundo vai mudar radicalmente daqui para a frente – e a pandemia só reafirmou essa tendência. Presidente da Trevisan, escola de negócios fundada em São Paulo há três décadas a partir da empresa de auditoria de mesmo nome, Silveira anteviu mudanças importantes no ensino superior outras vezes. 

Na virada dos anos 2000, Silveira teve um papel importante na expansão da educação executiva no Brasil ao comandar a escola de negócios Ibmec, uma das precursoras no país do modelo de escolas de negócios de ponta, com currículos de excelência internacional em troca de mensalidades salgadas. Do sistema de financiamento da escola, feito a partir de doações de famílias abastadas, à arquitetura das salas de aula, tudo foi inspirado em universidades referências mundo afora, como Harvard

De lá para cá, mais gente adotou o modelo Brasil afora. Em paralelo, Silveira galgou carreira internacional ao comandar uma aliança entre a IE Business School, escola de negócios com sede em Madri, e uma unidade do jornal britânico Financial Times dedicada à produção de conteúdos acadêmicos com a curadoria dos editores do jornal. 

Com essa experiência na bagagem, Silveira defende que o modelo de sala de aula presencial e com currículos fechados, definidos previamente pela universidade, está com os dias contados. No lugar disso, o ensino deve ser cada vez mais online e pautado pelo próprio aluno, que terá opção de escolher o que está querendo aprender e quando estudar. “A universidade será um serviço por assinatura, a exemplo de uma plataforma de streaming como a Netflix“, diz.

O modelo de carrossel de conteúdos à disposição dos alunos está sendo colocado agora em prática numa parceria da Trevisan com a EXAME Academy, braço de educação da EXAME. A proposta é oferecer trilhas de conhecimento online para profissionais dispostos a manter uma rotina de aprendizado constante – o chamado lifelong learning

Conteúdos de fontes fora do meio acadêmico, como reportagens publicadas pela EXAME, poderão virar temas de trilhas. “As instituições de ensino terão cada vez mais o papel de curadoras de conteúdos úteis aos seus alunos”, diz Silveira. Tudo isso a um custo acessível na comparação com universidades presenciais. A proposta é oferecer assinaturas a partir de 99 reais por mês. 

Na entrevista a seguir, Silveira detalha os motivos que o fazem acreditar numa “primazia do aluno” crescente no ensino superior e como avaliar a qualidade do ensino num cenário de aprendizado bem diferente do convencional, com salas de aula, carteiras, quadro negro e por aí vai.

A pandemia fez muitas universidades e demais instituições de ensino ampliarem a oferta de cursos online às pressas. Com a vacina, e a possibilidade de um retorno do convívio social, o que acontecerá com o ensino online?

Tendo a acreditar que a migração para o ensino online é um caminho sem volta. Há poucas universidades no mundo capazes de justificar a presença física do aluno dentro de suas paredes. A evolução da tecnologia de ensino hoje permite uma experiência de ensino online tão boa como a presencial. Além disso, as pessoas se acostumaram com a pandemia ao fazer networking pelas redes sociais e, por isso, podem interagir umas com as outras em salas de ensino virtuais. Diria que, talvez, haja umas 25 universidades do mundo em que vale a pena o aluno estar presente. 

Onde estão essas universidades?

A maioria delas estão em países de cultura anglo-saxônica, como Oxford, na Inglaterra, Harvard, nos Estados Unidos, mas há alguns casos fora dela, como a Universidade de Bolonha, na Itália, a mais antiga do mundo e com tradição nas ciências jurídicas. No Brasil, não vejo universidades a essa altura.

Como fica a didática em sala de aula nesse cenário em que o ensino à distância passa a virar o padrão das instituições de ensino?

O aluno vai ganhar poder de escolha. As universidades de maneira geral ainda não entenderam o conceito de as a service (como um serviço, numa tradução livre do inglês) comum nos negócios de tecnologia, que pressupõe a assinatura de um serviço em que o cliente tem alguma liberdade para definir o tipo de experiência que deseja. A universidade será um serviço por assinatura, a exemplo de uma plataforma de streaming como a Netflix. Há milhares de conteúdos por lá e de diversas produtoras diferentes. Além disso, o cliente pode consumir o produto quando quiser – e cancelar o serviço quando quiser também.  

O ensino superior deve seguir esse caminho?

Sim. Daqui para frente, as instituições de ensino devem seguir um modelo de plataforma porosa, com conteúdos diversos e capazes de dar liberdade de escolha ao aluno. O aprendizado vai se dar cada vez mais pela conveniência do aluno do que pelas regras da instituição de ensino. Hoje, as universidades ainda estão muito engessadas, em particular no Brasil, em que há muitas regras do Ministério da Educação a serem obedecidas. Mas isso deve mudar. Sairemos do conceito de disciplinas curriculares para o de competências que poderão ser aprendidas num curso só ou de maneira espaçada, ao longo da vida de uma pessoa. O aprendizado constante (conceito chamado de lifelong learning em inglês) deve virar a norma para as próximas gerações.

Como fica a atividade do professor num cenário de ensino ‘as a service’ e com uma plataforma aberta de conteúdo?

As instituições de ensino terão cada vez mais o papel de curadoras de conteúdos úteis aos seus alunos. E, com isso, defendo cada vez mais a presença de profissionais bem-sucedidos do mercado compartilhando suas experiências em sala de aula. Para um aluno de economia ou administração, por exemplo, vale muito a pena estudar em cima de uma reportagem publicada num veículo de comunicação dedicado à cobertura do mercado financeiro, como o Financial Times e a EXAME. O conteúdo publicado nesses veículos pode ser transformado em material de ensino. Os jornalistas podem ser os curadores desse conteúdo e entrar em sala de aula. É uma maneira de dar agilidade. 

Mas como organizar uma trilha de conteúdo eficiente para a formação de um aluno num mundo em que qualquer pessoa é uma potencial geradora de conteúdos, seja nas redes sociais ou em outras plataformas online?

A primazia de escolha deve ser cada vez mais do aluno e não do professor. O aprendizado cada vez mais terá que estar calcado na lógica de ponto e contraponto, ou seja, mostrar visões diferentes sobre um mesmo assunto — até mesmo visões que podem ser diametralmente opostas. O estudante terá que conviver com o problema de viver com visões discordantes e com a dialética. O aluno pode ter uma lente sobre um determinado assunto e o professor, outra. Além disso, o aluno tem direito a errar uma trilha que está seguindo, porque não gostou do conteúdo ou ele não fez sentido no contexto geral. Tudo isso faz parte da vida. A função da sala de aula é a de, cada vez mais, mostrar todas essas visões e oferecer muitas possibilidades de ensino. 

Nesse cenário de plataforma aberta de conteúdos, como avaliar a qualidade do aprendizado? 

Cada vez mais a tecnologia terá que entrar em sala de aula para medir quem de fato está avançando no ensino. Na Trevisan, usamos um sistema da edtech americana Degreed que emprega inteligência artificial para monitorar o aprendizado realizado e as habilidades estão faltando num determinado profissional. A partir do cruzamento de informações com o histórico de outros profissionais, o sistema vai sugerindo competências a serem perseguidas na trilha de ensino. Assim, dá para ter uma visão da bagagem que o profissional já tem – e o que está faltando.

Fonte: Exame

Matéria: site exame

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